Monday, July 11, 2005

"How can it be, that right here with me,
There's an angel. It's a miracle.
Your love is like a river, peaceful and deep
Your soul is like a secret that I never could keep
When I look into your eyes I know that it's true:
God must have spent a little more time on you"


Hoje de manhã me deu vontade de escrever um livro. E acho que ele começaria mais ou menos assim:

"Um leve tremor, um som ensurdecedor, naquele silêncio matinal. Era seu celular, que lhe avisava que a hora de levantar havia chegado. Pedro teria que deixar o conforto de seus cobertores e começar suas tarefas do dia. Ele titubeia ao descer os degraus da escada do beliche, semi-acordado, por vezes quase indo ao chão. As roupas do dia anterior, espalhadas pelo chão ("Eu já mandei você arrumar esse quarto um milhão de vezes, garoto!"- Pedro quase podia ouvir sua mãe dizer) serviam de proteção contra o gélido chão que esperava seus pés descalços. A quase sensação de congelamento trazida pelos frios azulejos do banheiro só seria quebrada com o ligar do chuveiro, numa fluente de calor que o faria acordar.

Mas todos sabiam: Pedro só acorda mesmo depois do café. Antes disso, com certeza, sua mãe teria lhe dito "Como vai a escola?"; "Você lembrou de fazer o que eu te pedi ontem?"; "Já estendeu sua toalha, meu filho?", mesmo sabendo que o jovem de 20 anos apenas responderia com um grunhido ininteligível, um sinal de que a havia escutado (mas não necessariamente compreendido)."

Autobiografias comandam!

E dizem que só ficamos inspirados nos momentos de intensa dor. Eu trocaria dor por emoção. Estar feliz (mesmo com o mundo desmoronando à sua volta), não é fechar os olhos aos problemas, mas sim conseguir vê-los como obstáculos que tornam a vida interessante (ainda que dolorosa).

np: "Goodbye Yellow Brick Road" - Camille Velasco